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abril 07, 2010

Que chuva foi essa????

Eu desde pequena gostava de escrever, meus primeiros textos foram poesias quando eu estava na antiga 4ª série (acho que hoje seria o 5º ano, sei lá), coloca tempo nisso. De lá pra cá escrevi textos, histórias engraçadas e tristes, e meu sonho era publicar um livro. Depois que entrei na faculdade, o tempo foi encurtado, e não tinha muito como escrever, mesmo tendo idéias. Mas por volta de 2005/2006, eu resolvi que escreveria um livro sobre minhas diversas aventuras e desventuras na faculdade, não só minhas como dos meus amigos. Por que a gente se metia em cada uma....até cheguei a escrever o primeiro capitulo, mas como eu sai da facult e passei por um período chato da minha vida, abandonei a idéia.
Se ainda tivesse esse livro, com certeza o dia 5 de abril de 2010 estaria em destaque! Nossa, que dia! Na hora você fica preocupada, estressada, mas agora, felizmente posso até rir disso. O Rio de Janeiro parou, mas parou como eu nunca tinha visto. Como diria o nosso presidente, acho que nunca na história desse país, eu vi a cidade do Rio tão caótica! A chuva de anteontem pegou todo mundo de surpresa. Estava na faculdade, feliz e contente (modo de dizer) quando à tardinha começou a chuva, vi que estava chovendo bastante, mas não tinha idéia do dilúvio que estava de fato caindo. Por volta das 8 da noite era hora de voltar pra casa, mas a chuva persistia, os telefones não paravam de tocar, nos avisando a bela aventura que iríamos nos meter se saíssemos àquela hora. Resolvemos então, esperar a chuva dar uma trégua. Mas não dava, cada vez aumentava, às vezes diminuía por 10 minutos, e em seguida voltava a cair forte. Nessa hora já tínhamos a noticia que a praça da bandeira estava alagada, com as pessoas sendo retiradas dos ônibus de botes pelos bombeiros e que o rio Maracanã, já estava transbordado. Na verdade acho que todos os rios da cidade encheram e transbordaram, mas o maracanã era o nosso caminho praticamente. Já vi este transbordar várias vezes, minha rua alagar varias vezes, mas de acordo com familiares, fotos, vídeos e depois do rastro de sujeira, vi que nunca encheu tanto.
Minha mãe viu uma porta sendo arrastada pela água do rio, ou melhor, da minha rua. Sim, minha rua, assim como varias da cidade se transformaram em rios. Muitas vezes sentia que estava numa floresta com aqueles rios barrentos e fortes, sim porque tinha correnteza, fazia até onda! A Lagoa quando chove muito transborda, mas dessa vez ela transbordou por todos os lados, e muito, com a água chegando até as pistas internas. Fazendo com que fosse impossível a passagem de qualquer veículo. Não só na Lagoa, a Zona Sul sofreu horrores. A Rua Jardim Botânico seeempre enche e dessa vez não foi diferente, mas com um volume de água absurdamente mais assustadora.
Sem falar dos rios que encheram, os vários pontos de alagamentos pela cidade, fizeram o transito dar um nó, mas um nó tão apertado que ninguém mais desatava. As pessoas não podiam passar com os carros, outros pontos da cidade os automóveis estavam submersos, conclusão os carros não saiam do lugar, e o transito simplesmente parou!! Não havia pra onde fugir, uma hora as pessoas acabavam presas em algum ponto, fosse por bosão d’água, por rio transbordado, ou pelas filas de carros parados.
Não dava pra parar em postos, pois todos pelos quais passamos estavam lotados de carros esperando uma estiagem da chuva. Seguimos na contra mão, como vários outros motoristas, na esperança de conseguirmos chegar a algum lugar. Nas ruas não havia mais duas mãos, agora era tudo mão única. Todos os recursos não adiantavam, pois a cidade estava parada.
Saímos da faculdade por volta das 09h30min da noite, por volta das 2/3h da manha paramos de andar completamente. Estávamos com sono, fome e eu particularmente com vontade de ir ao banheiro +/- desde as 11 da noite, eu ainda tinha um pouco de água na minha garrafa e meu amigo uma barrinha, dividimos a barrinha e a água. Meu amigo que dirigia o carro acostumado a dormir com as galinhas estava batendo cabeça isso por que ainda era meia noite, fazíamos previsões de que horas chegaríamos em casa, eu otimista, falei que meia noite e meia estaríamos em casa (isso ainda eram 10horas), meu amigo já falou 05h30min, na hora brincando, mas conforme as horas passavam vimos que seria por ai. Quando a gente andava um pouco, a gente tentou ficar acordado. Às vezes ele dormia, e eu tentava ficar de olho aberto, p/ na hora que andasse acordar ele. Ficamos assim até parar completamente, como já dito, por volta das 2/3 da manha. Nessa hora não aguentamos mais e dormimos, só éramos acordados pelos celulares que volta e meia tocavam querendo saber noticias.
As seis da manha conseguimos estacionar o carro, e fomos a pé até o metrô. Ainda chovia bem, eu estava sem guarda-chuva, e o do meu amigo quebrado. Tentamos pegar o metro, mas um estava com o acesso completamente alagado e o outro estava muito cheio. Daí resolvemos ir a pé, um caminho um tanto longo. Eu já estava encharcada, as roupas pesavam, a mochila pesava e cada rua que entravamos estava mais cheia que a outra, em alguns e muitos momentos andávamos junto com os carros, pois era o local que tinha menos água. Mas ao chegarmos na Praça Saens Peña, não teve jeito, tivemos que atravessar a rua, completamente cheia, a água batia no meu joelho quase e tinha uma certa correnteza e com medo de ter um bueiro no chão... Passamos pelo rio maracanã que naquela hora já tinha voltado, e vimos a sujeira deixada nas ruas, lama, lixo, pedaços de madeira, de tronco, mato, espalhado nas ruas calçada, um cenário horrível.... A boa noticia, foi que ainda de madrugada minha rua já estava vazia, e as 7 da manha ainda se mantinha assim.
Poucos metros da minha rua fui perseguida por um sapo (isso, como um amigo lembrou, das baratas e peixes que não davam p/ ver!!) sai correndo, por que sapos, rãs, não são bichos muito fofos... e dobrei na minha rua, minha felicidade era tanta, depois de quase uma hora andando estava a poucos metros de casa, eu tremia de frio, sai correndo até o portão. A portaria lá de casa cheia de lama, que seguia até a garagem, fácil e horrível imaginar como a água tomou conta daquela rua, ainda mais depois de ver a tantas ruas cobertas de água com uma força que só se vê no rio.
Já estive na rua quando caíram vários temporais, incluindo os famosos dia 24 de outubro de 2005 e 2007. Chuvas muito fortes que alagaram a cidade, e por estar presente, e na rua em pelo menos nesses 3 dilúvios, o de segunda foi o pior de todos, disparado!!


nem meu material escapou da agua....